A ESPIRITUALIDADE DO DESERTO
O DESERTO É O LUGAR DA FÉ
Só conquista a TERRA PROMETIDA quem sabe atravessar O DESERTO. Tempo de deserto é sempre tempo de provações. O deserto é um teste. Ele possibilita averiguar se o povo será capaz de permanecer fiel ao projeto de liberdade. O grande risco é sempre se acomodar na situação já conquistada e não caminhar mais. Por isso, o deserto é o espaço para a tomada de consciência. O amadurecimento na fé se dá no deserto, pois o deserto tira a auto suficiência e faz o povo lembrar que sempre depende de Deus.
O deserto é o lugar dos imprevistos. É o símbolo do caos e da esterilidade. É a imagem do silêncio e da solidão. O povo de Deus precisou suportar duras penas durante os quarenta anos em que esteve no deserto. Por outro lado, este tempo foi também um itinerário de conversão e apelo de salvação. O salmista relembra que o povo endureceu o coração neste tempo: “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz! Não endureçais vossos corações como no deserto” (Sl 95,8).
A esperança desaparece quando não se alimenta a fé. A ESPIRITUALIDADE DO DESERTO possibilita este crescimento da fé. Sempre que houver infidelidades na vida, é necessário voltar ao deserto para encontrar a luz interior. O deserto é o espaço de uma profunda experiência mística e supõe despojamento total.
A EXPERIÊNCIA DE VIVER
UM DIA NO DESERTO
O deserto é um itinerário espiritual, lugar constante de tentações e discernimentos. É escola de vida que faz crescer. Tem caráter provisório e não definitivo. Quem vai ao deserto não pode levar consigo muita bagagem, mas o estritamente necessário. Desocupado o coração dos ídolos, sente-se que só Deus é que conta.
O deserto passa a ser o tempo da revelação de Deus, renovação da aliança e restauração da santidade. Assim aconteceu com os primeiros monges que foram para o deserto: eles fizeram a experiência de Deus.
TEXTOS PARA A ORAÇÃO
1. Salmo 95: Prostração diante de Deus e as provações do deserto;
2. Números 20,1-21: A falta de água no deserto;
3. Deuteronômio 8,1-20: Os ensinamentos do deserto;
4. Isaías 41,8-29: O deserto renovado e água para os sedentos.
SUGESTÕES DE ALGUNS PASSOS
PARA AJUDAR EM SEU DESERTO (no retiro)
1. Escolher um lugar adequado, tranquilo e longe do barulho;
2. Que seja um dia de silêncio e solidão;
3. É preciso interromper todo o ativismo e ter coragem de parar;
4. O principal objetivo de um dia no deserto é o desejo de intimidade com Deus;
5. Escolher o texto bíblico para a oração e contemplação;
6. Não se deixar abalar pelas crises e tentações;
7. Perceber as fraquezas e pecados e ser perseverante na oração;
8. Estabelecer algumas metas e atitudes de conversão;
9. Reveja sempre o projeto de vida;
10. Ter sempre marcado um dia de deserto.
CONCLUSÕES
A OPÇÃO PELO DESERTO
João Batista abandona a sua casa e se retira para o deserto, lugar das provações e tentações, mas também, tempo de integrar e purificar a própria afetividade. O mesmo fará depois Jesus, logo após o seu batismo. No silêncio e na solidão do deserto, a pessoa cresce ou desiste de tudo:
- Mentir para quem?
- Enganar a quem?
O deserto recorda o novo itinerário espiritual do povo de Deus rumo à terra prometida. Aquele que vai preparar o Caminho para a chegada do Messias, provém do deserto e não dos palácios reais.
Escolhe o deserto como o lugar de sua pregação e não a cidade. João Batista se apresenta como mensageiro do Senhor. Tem a aparência de um asceta. Assemelha-se ao profeta Elias, no modo de se vestir, bem como na austeridade de vida (2Rs 1,8). Não se apresenta para pregar, nem no templo e nem nas sinagogas, mas ao ar livre. Eis a grande novidade.
. Eremitas da Santa Cruz
"Não poderei estar com os outros se não souber estar sozinho"